Abismos cósmicos: conheça a Hipótese das Gravastars
Os buracos negros são regiões do cosmos tão supermassivas que nada pode escapar de sua força gravitacional. A área que puxa tudo para seu interior é chamada de horizonte de eventos. É como se fosse a borda do buraco negro e, assim que qualquer objeto cai em direção a ela, impossibilita-se escapar e retornar — seria algo como um aspirador cósmico que suga tudo que passa por ele.
Apesar de serem completamente estranhos e misteriosos, os buracos negros são previstos pela teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Inclusive, o físico alemão sugeriu que, após o horizonte de eventos, existe uma região tão densa que até a física que conhecemos deixa de fazer sentido: o ponto de singularidade.
Alguns astrofísicos explicam que, apesar das observações e evidências científicas coletadas nos últimos anos, ainda não descobrimos tudo sobre os buracos negros. Tanto o horizonte de eventos quanto a singularidade ainda não são totalmente compreendidos pela ciência. Além disso, a lei da termodinâmica explica que os buracos negros deveriam emitir altas temperaturas, pois apresentam uma quantidade significativa de massa.
A comunidade científica também apresenta uma hipótese que sugere que os buracos negros não existem no cosmos. Na verdade, essas regiões do universo poderiam ser o que os pesquisadores chamam de gravastars, um tipo de estrela gravitacional condensada no vácuo. A maioria dos astrofísicos acredita que os ‘buracos negros são realmente buracos negros’, mas afirmam que considerar outras possibilidades é importante para uma melhor compreensão da ciência.
“Neste trabalho, analisamos as propriedades observacionais de gravastars de casca fina sob duas estruturas astrofísicas, nomeadamente rodeadas por discos de acreção opticamente finos e orbitadas por pontos quentes. Consideramos o modelo gravastar de casca fina com dois parâmetros livres, o raio da gravastar e a razão de massa alocada na casca fina, e produzimos os observáveis correspondentes através do uso de códigos numéricos de rastreamento de raios regressivos”, explica um estudo sobre o tema publicado na revista científica Physical Review D.
O que é a Hipótese das Gravastars
Uma gravastar é um objeto hipotético originalmente em 2002 pela dupla de astrofísicos Pawel O. Mazur e Emil Mottola, visando apresentar uma teoria alternativa à hipótese dos buracos negros.
A ideia é que as gravastars seriam restos de estrelas que colapsaram, cuja matéria foi transformada em um novo estado; como resultado, surge uma região de vácuo no espaço envolvida por uma ‘concha’ ultrafina e indestrutível.
Teoricamente, durante o colapso da estrela, a intensa força gravitacional a transforma em um novo tipo de material que os pesquisadores explicam ser semelhante ao Condensado de Bose-Einstein (BEC). Em relação ao BEC, os átomos de energia são resfriados a uma temperatura extremamente baixa e, por isso, agem como um único superátomo. No caso da gravastar, isso impediria a formação de uma singularidade e de um horizonte de eventos — ambos os conceitos são típicos em buracos negros.
As gravastars seriam mais fáceis de explicar com as atuais abordagens científicas, mas a maioria das investigações sugere que essas regiões são realmente buracos negros.Fonte: Getty Images
“Como esta nova forma de matéria é muito durável, mas um tanto flexível, como uma bolha, qualquer coisa que ficasse presa pela sua intensa gravidade e se chocasse contra ela seria obliterada e depois assimilada pela casca do Gravastar. No entanto, qualquer matéria nas proximidades que caísse na superfície poderia ser reemitida como outra forma de energia, o que tornaria os Gravastars emissores de radiação potencialmente muito mais poderosos do que os buracos negros, que simplesmente engolem o material”, disse Mottola em 2002.
Um dos ‘problemas’ envolvidos na teoria dos buracos negros é a singularidade, um ponto do buraco negro onde a densidade é infinita e a matéria se concentra. A ciência explica que a singularidade se forma quando a matéria alcança uma densidade suficiente para colapsar sob sua própria gravidade. Apesar disso, esse conceito é apenas teórico e ainda representa um desafio para a compreensão dos físicos modernos.
Como na teoria as gravastars não apresentam nenhum tipo de singularidade, uma parte dos cientistas que estudam o tema sugere que essa hipótese poderia funcionar melhor do que a ideia dos buracos negros. Em simulações realizadas no estudo citado, a equipe de pesquisadores obteve resultados que mostraram diversas semelhanças entre buracos negros e gravastars.
De qualquer forma, é importante notar que a hipótese das gravastars é bastante diferente da teoria dos buracos negros. Portanto, é crucial coletar dados, realizar testes observacionais e estudar mais sobre o assunto para determinar metodicamente se essas estrelas colapsadas existem ou não.
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